James Ensor, A intriga
Vasco Pulido Valente, no PÚBLICO (ou do que, no PÚBLICO, vale a pena ler):
«O CDS e o PSD vão à
Assembleia da República discutir. O quê e com quem? Não há uma oposição, há
três, que aparentemente tencionam apresentar as suas particularíssimas razões
para rejeitar o Governo. Só por milagre a coisa não dará numa berraria inútil.
E que ganhará a coligação com isso? Nada. Pelo contrário, compromete de certeza
a sua razão e a sua legitimidade. Não se trata gente como se ela fosse igual,
quando ela não o é. O CDS e o PSD devem ouvir e calar; e sair daquela mascarada
dignamente e sem comentário de espécie alguma. A esquerda que fique por lá num
comício íntimo a repetir o que já disse em toda a parte. O país que os veja bem
sem interrupção e que tire as suas conclusões. Sem ruído, como quem assiste a
um espectáculo para sua edificação.
E depois com quem ia a
coligação falar? Com o PCP, que ainda ontem repetia pela boca de Jerónimo de
Sousa os lugares-comuns da seita, sem faltar uma vírgula, e que deu a entender
que a sua putativa aliança com o dr. Costa não tinha outra base, excepto a sua
conveniência? Quem pode adivinhar o que é, ou não é, o verdadeiro interesse dos
trabalhadores, segundo Jerónimo? Anteontem, o Avante! declarou que sem a
“renegociação da dívida” (um eufemismo para não a pagar) e sem nacionalizações
(da banca, claro) os trabalhadores continuarão na mesma. Será que o PC já
explicou isto ao dr. Costa? Talvez por isso ainda não apareceu o misterioso
“papel”, que Jerónimo acha dispensável e o PS o fundamento da sua política. Ninguém
até agora conseguiu apurar. E como tenciona a coligação discutir o seu programa
sem o comparar com o programa da “esquerda”?
E o Bloco? O que pensa do
mundo essa tresloucada agremiação? Deve ser difícil descobrir. O Bloco tem seis
chefes, tem um porta-voz, tem 3000 profetas e tem três medidas para salvar a
Pátria. Para lá disto, não há mais que nevoeiro e uma inextricável trapalhada.
Consta que parte daquela sociedade se confessa trotskista e outra
marxista-leninista. Não acredito, exactamente como não acredito em fantasmas,
nem que a terapêutica médica persista na sua devoção à sangria. Verdade que a
“esquerda” é um museu, mas não anda por aí a distribuir antiguidades. E se as
distribuir ao CDS e ao PSD não vale a pena perder tempo com lições de história.
O Bloco precisa de uma creche; e o cidadão sério precisa seriamente de perceber
a brincadeira em curso.»
1 comentário:
Estou desertinha de que os esquerdóides governem, pois vai ser o fim do embrulho. O medíocre bambinelo Costa vai enterrar o que merece ser enterrado, ou seja o seu partido de gente sem caracter. Por sua vez, os gaiatões do BE, com a Catarina com rostinho de gremlin-de-olhos-em-alvo, vão-se esfacelar e os do falso avôzinho Jerónimo, que faz de ternurento mas se puder nos põe na cadeia a todos, fica desmascarado, pois se até o irreparável Carlos Arménio vai tentar cercar a Assembleia! Uma gente do mais reles na península ibérica.
Maria Viveiros
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