Varoufakis
disse, em Coimbra, que “a lógica estava do nosso (do Syriza) lado”. Mas, direi
eu, na medida em que o discurso do Syriza não alterou a realidade e tendo em
atenção que, segundo a afirmação hegeliana herdada pelo materialismo dialéctico
perfilhado pelo Syriza, “o que é racional é real e o que real é racional”, o
Syriza deveria reconhecer que o que diz não é lógico e Varoufakis compreender
que, afinal, não percebe nem o mundo real nem, por consequência, de economia
racional.
Acrescentou
ainda o ex-ministro grego que o cargo desempenhado lhe permitiu contactar com
“o desprezo Platónico pela democracia” de Bruxelas. Sobre o pouco apreço pela
democracia detectado in loco por
Varoufakis poder-se-á e convirá mesmo discutir; sobre o termo “Platónico” é que
nem vale a pena, porque comparar as altas instâncias europeias com o Conselho
dos Sábios de uma cidade organizada segundo Platão é o mesmo que, utilizando a
expressão popular, “comparar uma vaca com um molho de salsa”. Mais uma vez, portanto,
Varoufakis não sabe do que fala. Nem sabe que não sabe. Nem, porventura, lhe
interessará saber.
Porém,
fala. Fala. Fala com o que aprendeu numa qualquer vulgata mal-amanhada,
floreando o discurso com o desprezo pelo conhecimento que ela lhe proporcionou.
Fala como um daqueles demagogos que ajudaram a estilhaçar a antiga Atenas,
doente de corrupção. Porque, se se calar, toda a gente se aperceberá de que,
afinal, está mais morto do que parece. E ele, mesmo morto, ainda tem que comer, caramba!
Agora a
sério: Varoufakis lembra-me um feirante que se apresenta como fabricante
de calçado de luxo ou especializado, sem que saiba sequer fazer uma sandália
decente. Mas para “Coimbra, onde se diz tanta asneira” (citando Agostinho da
Silva, numa das suas “Conversas Vadias”), sabe-se que isso basta para que esta sua presença tenha ficado para sempre registada num Livro de Ouro
das Profissões do Saber.
2 comentários:
Subscrevo inteiramente. Um post bem articulado e inteligente, informado e que contrasta, ou põe em relevo, a falta de inteligencia filosófica e a esperteza saloia deste aprendiz de feiticeiro. Que nele mostra a sua falta de qualidade que justifica a ida ao entreposto de Boaventura S.S., esse inenarrável personagem ideológico que o Professor António Manuel Baptista mostrou na sua mediocridade intelectual mediante o seu livro "Crítica da razão ausente". Um tipo que escreveu o seguinte, sem pudor e sem chispa: “A ciência moderna não é a única explicação possível da realidade e não há sequer qualquer razão científica para a considerar melhor que as explicações alternativas da metafísica, da astrologia, da religião, da arte ou da poesia».
O mínimo que se poderá dizer é que o grego ex-ministro está bem para o ideólogo coimbrão. E mais não será preciso.
Manuel Nunes Guerreiro
É necessário dizer sem paninhos quentes, mas até com dureza bem adequada: não podemos deixar que em Portugal assente pé um sistema CRIMINOSO que em todo o Mundo por onde passou só deixou confusão, desespero, prepotência e finalmente miséria. Que só se aguentou durante anos de chumbo por estar escorado por kápagêbês e gulags, sicários e testemunhas falsas e que – sublinhe-se – atraiçoou os próprios princípios filosóficos e societários em que dizia basear-se (nunca, creio eu, Marx ou Engels desejaram que os criminosos que sairam dos seus postulados desgraçassem milhões de pessoas). Sem nos deixarmos intimidar e chantagear com insultos, façamos frente a esses indivíduos e esses partidos. Defendamos sem complexos a liberdade geral e pessoal que é parte integrante de uma verdadeira Democracia.
Inácio P. (Pereirinha)
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